O ser humano é um ser
social em sua natureza, o que implica dizer que não consegue sobreviver sem
viver em sociedade. Isto não equivale afirmar que esta é uma tarefa fácil,
automática ou simples para o homem. Ao contrário, ele precisa constantemente
aprender e construir estratégias para facilitar este processo, dado que que não
é possível imaginar a sobrevivência sem o pertencimento a um grupo. Até mesmo
na organização das sociedades capitalistas pós-modernas, como a realidade
brasileira atual, em que a competitividade e o individualismo são estimulados,
com relações cada vez mais virtuais, os seres humanos formam grupos de
convivência, ainda que em moldes diferentes de outros períodos históricos.
Entre tantas formas de
conviver em grupos, comunicar ideias e encontrar pares, debater assuntos,
expressar e construir estratégias de sobrevivência vividas no cotidiano podemos
destacar o papel das novas mídias e redes sociais virtuais. O avanço no acesso
a informações armazenadas e acessadas através da internet, com pluralidade indescritível,
provocou a aproximação dos diversos grupos sociais, ainda que concomitante ao
isolamento real de diversos indivíduos. A velocidade da circulação de notícias,
acontecimentos, opiniões, entre outros, tanto ampliou as possibilidades de
acessar um número gigantesco de fontes como também criou a ilusão de que a
realidade está toda ali para ser acessada. Assim, neste universo imenso de
informações, é preciso criticidade para com tudo aquilo que se tem contato
através destes meios.
É necessário, portanto,
aprender a diferenciar fontes, a questionar os interesses presentes nas
entrelinhas daquilo que é apresentado, a escolher os conteúdos a serem
acessados e confiados. Desafio que é também atribuído a educação.
Etimologicamente, a
palavra educação vem do latim ex ducere, que significa “tirar para fora”,
conduzir. Assim, pode-se entender que educar é um ato de desenvolver as
potencialidades individuais.
De acordo com Freire
(1978), o educador e educando educam-se mutuamente tendo como mediador o mundo,
a realidade, palpável ou não, mas vivida. Não apenas termos abstratos, mas
abstrações que partam do cotidiano e o transcendam. Defende que não se pode
pensar em educação sem antes considerar o contexto social e as relações a que
estão submetidos os sujeitos, pois o desvelamento do universo através do
conhecimento toma como base as próprias percepções sobre este universo.
[...] nas
condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito no processo. Só assim podemos falar realmente de saber
ensinado, em que o objeto é apreendido na sua razão de ser e, portanto,
aprendido pelos educandos. (FREIRE, 1996, p.29)
Diante desta concepção,
não é possível pensar e fazer educação sem que as novas tecnologias, novas mídias
e redes sociais virtuais estejam presentes. Elas são presentes na realidade vivida
e podem contribuir no processo educativo. Aqui podemos destacar o uso destas
nos diversos ambientes de educação social.
Caro (2009) ressalta
que a educação social no Brasil busca sua sistematização e teorização, apesar
de há muito ser praticada na sociedade brasileira, em especial destinada a
pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para a autora, a principal
diferenciação da educação social está no privilégio das relações ocorridas
dentro do campo de educação não formal, uma vez que permitem maior
flexibilidade nas estruturas relacionais, tanto entre educador-educando, como
entre os próprios educandos, o que acarreta maiores possibilidades de ações que
sejam significativas para a realidade individual e comunitária.
Diferente do que
acontece dentro dos ambientes de educação formal, como escolas e universidades,
que possuem estruturas de difícil mobilidade e abertura para novas metodologias
e aplicação das novas tecnologias nos processos educativos, a educação social,
dado sua abrangência, dinamismo, flexibilidade, interação com a realidade,
preocupação com as relações sociais, constitui-se importante ambiente promotor
de aprendizagem democrática, critica e dialógica, sendo essencial integrar tanto
o uso como a reflexão sobre as novas tecnologias, novas mídias e redes sociais
virtuais.
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Referências
CARO,
Sueli Pessagno. Educação social: uma
questão de relações. In: NETO, João Clemente de Souza; SILVA, Roberto da;
MOURA, Rogério (orgs.). Pedagogia Social.
São Paulo: Expressão e Arte, 2009.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia. São
Paulo, 6ª edição: Paz e Terra, 1996.
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Pedagogia do Oprimido. Rio de
Janeiro, 5ª edição: Paz e Terra, 1978.